Com inflação oficial fechada em 10,06%, em 2021, a poupança apresentou a pior rentabilidade real desde 1990, segundo revelou um levantamento da plataforma de investimentos Economatica.

Somado a isso, a diferença entre saques e depósitos no acumulado do ano foi negativa em R$ 35,497 bilhões. 

Nesse cenário, a aplicação mais popular do Brasil segue decepcionando em rendimento e levando poupadores a perder poder de compra ao longo do tempo.

O que aconteceu com a poupança em 2021 e quais as opções para quem quer encontrar alternativas com risco semelhante em 2022?

Saída líquida de recursos da poupança em 2021 é a terceira maior da série histórica

De acordo com o Banco Central, em 2021, os saques da poupança representaram R$ 3,445 trilhões, ao passo que os depósitos somaram um total de R$ 3,410 trilhões. 

A diferença dessa saída líquida de recursos de R$ 35,497 bilhões representa a terceira maior da série histórica  – iniciada em 1995 -, perdendo apenas para as registradas em 2015 e 2016, quando os saques superaram os depósitos em R$ 53,568 bilhões e R$ 40,702 bilhões, respectivamente. 

Por que os saques da poupança foram maiores que os depósitos em 2021?

A retirada de recursos da poupança ocorreu em um cenário de queda da renda e diminuição do poder de compra dos brasileiros, impulsionada pela escalada da inflação oficial do país – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Comparativamente, esse resultado negativo foi bem diferente que o apresentado em 2020, ano em que a aplicação viu a maior entrada líquida de recursos da série histórica, alcançando R$ 166,309 bilhões.

Naquela ocasião, tal resultado positivo foi estimulado pelo pagamento do Auxílio Emergencial – viabilizado por meio de contas-poupança na Caixa Econômica Federal – e pelo isolamento social, situação na qual as famílias reduziram diversos gastos variáveis.

IPCA: fecha 2021 com maior alta desde 2015

Muito acima do teto da meta (5,25%), o IPCA fechou 2021 em 10,06%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O índice foi puxado, principalmente, pelas constantes altas nos preços dos combustíveis, energia elétrica e alimentos em geral. 

Contribuíram também outros fatores como o choque entre oferta e demanda causado pela paralisação das economias para a contenção da pandemia. Além de questões climáticas, que interferiram nas safras agrícolas. 

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.

Poupança tem pior rentabilidade em 31 anos

Descontada a inflação, a poupança encerrou 2021 com um rendimento negativo de 6,37%. Essa foi a pior rentabilidade real desde 1990, ano em que o resultado foi de -22,44%, segundo dados da Economatica. 

Outro dado do histórico da aplicação mostra que os poupadores perderam poder aquisitivo também em outras sete ocasiões: 1990 (-22,44%), 1991 (-2,95%), 2002 (-2,90%), 2013 (-0,12%), 2015 (2,28%), 2019 (-0,05%), 2020 (-2,30%) e 2021 (-6,37%).

Já o melhor resultado registrado da poupança aconteceu em 1995, com ganho de poder aquisitivo de 14,68% no ano.

Inflação: estouro da meta também em 2022

A previsão do mercado para a inflação em 2022 está em 5,09% – quase metade de 2021 -, segundo o último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. 

Se as expectativas estiverem corretas, haverá o estouro do teto do sistema de metas pelo segundo ano seguido. 

Rentabilidade da poupança: com Selic acima de 8,5%, como fica o cálculo?

A Taxa Selic, que provoca reflexos imediatos na rentabilidade da poupança, está hoje em 9,25% ao ano. Ela foi definida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Com a variação na Selic, a aplicação segue duas regras de cálculo:

Em casos de Selic superior a 8,5% ao ano – como a atual -, a rentabilidade da poupança fica em 6,17% ao ano.

E, se as projeções atuais do Boletim Focus se mantiverem, este cenário seria uma realidade durante todo o ano de 2022.

Poupança em 2022: o que vem pela frente?

A aplicação vem decepcionando os poupadores pelo terceiro ano consecutivo, com rendimentos reais negativos desde 2019. E o que se deve esperar da poupança em 2022?

Mesmo com a perspectiva de desaceleração da inflação em 2022, analistas destacam que a poupança deverá continuar perdendo a curto prazo para a inflação. 

Já a expectativa do mercado para a Taxa Selic (taxa básica de juros) é que ela alcance (ou ultrapasse) 11,25% ao ano em 2022. 

Como sair da poupança em 2022 e parar de perder dinheiro?

O aumento da Selic traz uma maior atratividade dos títulos de renda fixa: afinal, quando a taxa sobe, o retorno dessas aplicações faz o mesmo.

Dessa forma, um caminho natural é que essa modalidade continue atraindo investidores ao longo de todo o ano de 2022.

Isso porque muitos papéis são indexados à inflação ou à Selic. E nesta comparação, a poupança está rendendo apenas 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano.

Aplicações que podem substituir a poupança em 2022, com rendimentos superiores e risco semelhante: 

Alternativa à poupança: onde investir em 2022?

É importante considerar que mesmo que a poupança entregue uma rentabilidade melhor com a alta de juros, ainda assim, existem produtos disponíveis no mercado com melhor rentabilidade líquida.

A renda fixa proporciona a proteção patrimonial frente à inflação, mas a renda variável tem potencial de aumentar o patrimônio do investidor. 

As maiores rentabilidades, portanto, costumam estar associadas às aplicações financeiras com prazos de vencimento maiores e de maior risco. 

Na hora de investir é preciso conhecer o perfil investidor para avaliar não só as expectativas de rentabilidade, mas também os objetivos, liquidez e disposição para enfrentar volatilidades do mercado.

Fonte: https://www.euqueroinvestir.com/poupanca-em-2022-vale-a-pena/

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