Quais ações mais perdem e mais ganham em meio à crise hídrica?

Nas últimas semanas, a notícia sobre a crise hídrica ganhou força, gerando ainda mais temores sobre a economia e sobre o mercado nos últimos dias. Na última sexta-feira (28), o governo emitiu um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro deste ano em cinco Estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

O alerta reforça as preocupações com o baixo nível dos reservatórios do país, que segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está em 44% da média histórica, o  que se compara com 60% em maio de 2020, momento em que a situação já estava preocupante.

A expectativa ainda é de piora no nível dos reservatórios nos próximos meses, já que o fim de abril marca o fim do período úmido no Sudeste e Centro-Oeste. Sazonalmente, já se espera que o armazenamento de águas se reduza entre maio e outubro, enquanto que a recuperação do nível é esperada para iniciar em outubro, com o início do período chuvoso.

Apesar do cenário bastante preocupante, analistas de mercado não veem risco de apagão, mas com riscos para a inflação.

Além disso, o sistema brasileiro hoje está muito mais bem preparado do que em 2014, quando houve risco de escassez e racionamento de água ou de energia, como aconteceu em 2001. O Credit Suisse aponta que a capacidade total instalada cresceu a um ritmo mais rápido do que o consumo desde 2014, de 31% versus avanço de 4% do consumo.

Já a participação a geração de energia vindo das hidrelétricas caiu de 67% em 2014 para 62% em 2021, puxado por uma maior participação da energia eólica (10% atualmente versus 4% em 2014) e outras renováveis. Atualmente, há mais capacidade vinda de energia térmica (42,9 gigawatts versus 37,8 GW em 2014). Além disso, o sistema elétrico brasileiro está muito mais conectado atualmente (150,503 quilômetros 110,620 km em 2014).

Desta forma, a expectativa é mais sobre o impacto para a inflação do que um risco de apagão em si. O Itaú BBA, por exemplo, aponta que as tarifas de energia provavelmente ficarão sob pressão por mais tempo. “Prevemos uma bandeira tarifária vermelha para o resto do ano, que vai colocar pressão sobre a inflação. Observe que a Aneel limitou os aumentos tarifários a 10% em 2021, diferindo parte das altas necessárias para o próximo ano. Portanto, esperamos aumentos acima da inflação nas tarifas de energia em 2022”, avaliam os analistas do BBA.

Nesse cenários algumas companhias muito baseadas em energia hidrelétrica para operar devem ser pressionadas, enquanto outras que possuem outras matrizes de energia devem ser beneficiadas, apontam analistas.

Segundo análises do Credit Suisse, Bradesco BBI e XP, as ações mais impactadas pela crise hídrica são a AES Brasil (AESB3) e a Cesp (CESP6), que estão localizadas em regiões mais afetadas pelo atual déficit hídrico (estado de São Paulo).

Sobre a Cesp, o BBI aponta a companhia como ainda mais impactada, uma vez que é totalmente exposta à energia hidrelétrica, enquanto a AES Brasil tem cerca de 40% do lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) proveniente da geração eólica.

Para a Engie (EGIE3), o cenário é mais ambíguo. A companhia, aponta o BBI, tem 30% da capacidade de geração térmica / eólica , além de ter um negócio de transporte de gás e de transmissão greenfield. A XP ressalta que a Engie possui grande parte dos seus ativos em localizações com condições hidrológicas estão mais confortáveis em comparação a São Paulo.

O BBI ressalta que concessionárias integradas como Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6) e Light (LIGT3) também podem ser impactadas.

Fonte: InfoMoney

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