Taxa SELIC subiu de novo, onde investir?

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou nesta quarta (3) o aumento da taxa Selic de 13,25% para 13,75%. A elevação de 0,50 ponto percentual, no quinto encontro do comitê do BC em 2022, era aguardada pelo mercado. A decisão foi unânime.

A aposta majoritária do mercado na alta da taxa básica de juros (Selic) a 13,75% seguia sinalização dada pelo Copom no último encontro, em junho. O que surpreendeu foi a sinalização para uma nova alta – já que muitos analistas previam o fim do ciclo de alta em setembro. O BC justificou esse novo aumento dizendo que pretende alcançar uma inflação mais próxima do centro da meta em 2023.

O comitê disse que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião” – ou seja, de 0,25 ponto porcentual. A próxima decisão será no dia 21 de setembro. Com isso, a Selic pode chegar a 14% ao ano a dez dias do primeiro turno das eleições.

Em meio aos impactos da guerra na Ucrânia e de uma possível recessão nos Estados Unidos – afetando a economia global -, o Banco Central (BC) segue apertando os cintos na política monetária com o ciclo de alta. “O Copom avaliará ajuste residual de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado. “Incerteza de conjuntura e estágio do ciclo demandam cautela adicional.”

Havia expectativa de o ciclo se encerrasse em setembro, mas as altas vão continuar, embora com aumentos menores: “É apropriado que ciclo avance significativamente em território ainda mais contracionista.” O motivo ainda é a pressão inflacionária e o cenário global de incertezas.

“Ambiente externo mantém-se adverso e volátil”

O colegiado justifica: “O ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado. O processo de normalização da política monetária nos países avançados tem se acelerado, impactando o cenário prospectivo e elevando a volatilidade dos ativos.”

Desde então, a ininterrupta deterioração das expectativas de inflação para 2023, os dados econômicos mais fortes e as ofensivas do governo ao teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação) em ano eleitoral fizeram as apostas do mercado convergirem para 0,50pp.

Apesar das recentes medidas tomadas pelo governo terem reduzido o peso de combustíveis e da energia elétrica na inflação deste ano, com prováveis deflações no IPCA em julho e agosto, as projeções para 2023 seguem em alta. Como leva tempo para que os efeitos da política monetária sejam sentidos na economia, a nova alta de juros mira a inflação do próximo ano.

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Na semana passada, porém, o mercado estimou que a meta será novamente superada no próximo ano, com a inflação atingindo 5,33%.

comunicado do Copom cita as projeções de inflação, quer nortearam a decisão sobre a taxa de juros: “[a taxa] reflete incerteza do cenário e balanço com variância ainda maior que usual. Para horizonte de 6 trimestres à frente, projeção de IPCA em 12 meses situa-se em 3,5%. Horizonte relevante inclui 2023 e em menor grau, 2024. Copom optou por dar ênfase à inflação acumulada em 12 meses no 1º trimestre de 2024. O Copom irá perseverar em estratégia até consolidar desinflação e ancoragem em torno da meta”

No comunicado desta quarta, o Copom  diminuiu a expectativa para o IPCA em 2022: foi de 8,8% para 6,8%. Mas aumentou a estimativa da inflação para o próximo ano, indo de 4,0% para 4,6%. O comitê explica que esse ajuste reflete o impacto da isenções tributárias sobre combustíveis, energia e telecomunicações. Mas a previsão do BC para 2023 ainda está longe da meta de inflação do BC (3,25%).

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