DÓLAR ALTO: DÓLAR MAIS PERTO DE R$7,00 DO R$5,00, ENTENDA

Dólar: cenário no Brasil

Já no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já anunciou que antevê uma nova alta de 1,5 ponto porcentual da Selic, taxa básica de juros, para a próxima reunião de 7 e 8 de dezembro (que será a última do ano). Isso levará a Selic dos atuais 7,75% a, pelo menos, 9,25% até a virada do ano.

O BTG Pactual acredita que o ciclo de alta da Selic deva ser encerrado quando a taxa chegar a 11,75% – prevendo mais um avanço de 1,5 ponto porcentual na primeira reunião de 2022 e uma subida final de 1 ponto na segunda reunião do ano que vem.

A alta da Selic, por si só, deveria promover uma queda na cotação do dólar, uma vez que, com juros mais altos, a tendência é a atração de capital estrangeiro. No entanto, com Fed em vias de subir os juros nos EUA, fica mais difícil a competição para os países emergentes. Especialmente para o Brasil, onde a questão fiscal afasta o investidor.

Por aqui, a deterioração das expectativas fiscais preocupa. Isso decorre das “péssimas alternativas” levantadas para as contas públicas em 2022, como define o BTG, e que vêm depreciando o real.

“A atual PEC dos Precatórios reflete, além da falta de credibilidade da regra fiscal (flexibilização do indexador do teto), a constitucionalização de um “orçamento secreto” de R$ 16 a R$ 18 bilhões destinados a congressistas. Ou seja: o problema não é o tamanho da despesa, mas sim a qualidade do gasto público que, neste caso, é péssimo”, avalia o banco em relatório assinado por Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.

“Diferentemente do que aconteceu em 2020/21, para 2022 o mercado não ‘compra’ o furo no teto e, no caso do câmbio, mesmo com a forte valorização das commodities e do maior diferencial de juros nos últimos 12 meses, o real não aprecia, já que o dólar em poder dos brasileiros não está sendo internalizado – motivo pelo qual nossa moeda tem refletido menos os fundamentos econômico-financeiros e mais o atual ambiente político”, complementam os analistas.

A PEC dos Precatórios traz, em resumo, duas principais novidades: a primeira é a possibilidade de o governo adiar o pagamento de dívidas já julgadas na justiça; o segundo é a mudança no cálculo do reajuste pelo IPCA do teto de gastos.

O teto de gastos, pela regra atual, limita os gastos públicos no ano ao orçamento do ano anterior acrescido da inflação medida pelo IPCA em 12 meses (de julho do ano anterior a junho do ano de votação do orçamento). A nova proposta prevê reajuste pelo IPCA de janeiro a dezembro. Como a proposta de orçamento é entregue em agosto, o cálculo do teto passaria a se basear em estimativas – o que pode significar mais ou menos recursos, dependendo do ano em questão.

Para 2022, especificamente, tal mudança de conta abriria brecha no orçamento para o pagamento do novo benefício assistencial criado pelo governo, o Auxílio Brasil, que terá o valor mensal de R$ 400. Mas também para outros gastos, via emendas do relator do orçamento, justamente em ano eleitoral.

“Na teoria a gente não vai ter rompimento do teto de gastos, porque estamos vendo uma reforma que, digamos assim, subiu o ‘pé direito’ do teto”, avalia Alexandre Viotto, head de câmbio e comércio exterior da EQI Investimentos. “Mas mudaram a regra, sem dúvida nenhuma. Isso não rompe o teto, mas essas dúvidas sobre como o governo vai tratar o fiscal de agora em diante tendem a deixar uma pressão muito grande em cima do real”, ele complementa.

Na sua visão, o dólar deve rondar entre R$ 5,70 e R$ 5,80 até o final do ano. Para 2022, no entanto, o fator eleição tende a piorar o cenário. “Sem esse barulho político, acredito que o dólar estaria muito mais próximo de R$ 5”, afirma.

Vantagens de investir em dólar

No atual cenário, a recomendação é que o investidos se proteja investindo em dólar.

Além da valorização do câmbio, investindo em dólar, também se ganha com diversificação e proteção a choques – sejam os internacionais, como a pandemia, ou os muitos ruídos políticos do Brasil.

O fator proteção vem do fato de que os investidores de todo o mundo enxergam o dólar como um dos ativos mais seguros do mundo. Por isso, quando uma crise derruba todos os mercados, como no caso do coronavírus, o dólar tende a se valorizar.

Mas é preciso lembrar: os ativos atrelados ao dólar devem corresponder a uma pequena parcela da carteira de investimentos. Não é recomendado colocar “todos os ovos na mesma cesta”.

Fonte: EQI

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