IRB BRASIL (IRBR3) DILUIÇÃO PESADA DOS ACIONISTAS

IRB Brasil (IRBR3) voltou aos holofotes do mercado. O ressegurador teve um mês de agosto agitado, com o investidor digerindo os resultados do primeiro semestre deste ano e a luta da companhia para se enquadrar nas exigências regulatórias.

Assim como outras seis empresas, o IRB Brasil não acompanhou o rali de alta do Ibovespa desde a mínima do ano, período em que o índice avançou mais de 17% e passou a flertar com um novo bull market

No ano, os papéis ordinários do IRB Brasil acumulam uma queda de mais de 46% e, desde a máxima histórica, atingida no fim de janeiro de 2020, o tombo é de 95%, em uma tempestade perfeita poucas vezes vista no mercado acionário brasileiro.

Como ressegurador, o IRB Brasil opera como seguradora de outras seguradoras. Ao dividir a responsabilidade dos seguros, se propõe a cobrir um ou mais riscos relacionados às seguradoras e fica responsável pelo sinistro que a contraparte poderá ter sofrido.

Nome certo nas recomendações de analistas até o fim de 2019, em virtude da alta rentabilidade (muito acima da média do setor) e perenidade de um segmento ainda comprimido no Brasil, o pesadelo do IRB Brasil começou quando a gestora Squadra disse abertamente o porquê de estar apostando contra a empresa.

Enquanto o mercado precificava o IRB Brasil a nove vezes seu valor patrimonial no início de 2020, o restante do mundo negociava os resseguradores a 1,2 vez, aproximadamente. 

short da Squadra, termo que se refere a uma posição contrária à empresa, apostando na queda dos preços das ações, foi justificado pelo gestor Guilherme Aché através de dois relatórios que mostravam inconsistências contábeis. 

A maior empresa de resseguros da América Latina, com mais de 81 anos de história, se viu encurralada pela gestora.

Entre os principais pontos da tese contrária ao IRB, estavam:

  • Seguradoras brasileiras apresentavam sinistros recuperados junto ao IRB maiores do que as despesas nos resultados do ressegurador;
  • Despesas com sinistros do IRB foram reduzidas por reconhecimentos de recebimentos futuros, ou seja, que ainda não haviam sido contabilizados;
  • Degradação da geração de caixa e aumento de recebíveis;
  • Resultados beneficiados por ganhos não recorrentes e não caixa, camuflando a alta da DRE (demonstração do resultado do exercício).

O resumo é de que a rentabilidade recorrente do IRB Brasil era muito menor do que o mercado acreditava ser naquele momento.

Esse é um dos casos mais bem-sucedidos do investimento short no Brasil.

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