A Squadra Investimentos, uma das gestoras mais respeitadas do país, divulgou no dia 19 de agosto uma carta aos seus cotistas em que alerta sobre os riscos de alguns fundos imobiliários que pagam dividendos superiores à geração de caixa. A gestora comparou essa prática ao caso da holding do investidor americano Carl Icahn, acusada de ser uma estrutura econômica de pirâmide1.
Segundo a carta, esses fundos imobiliários atraem investidores com a promessa de dividendos elevados e constantes, mas na verdade estão usando parte do capital dos próprios cotistas para pagar esses proventos. Além disso, esses fundos realizam novas emissões de cotas para captar mais recursos e sustentar o pagamento dos dividendos, gerando um ciclo vicioso que pode levar a perdas significativas no futuro.
A Squadra não citou nomes de fundos ou segmentos específicos, mas alguns analistas interpretaram que a gestora estaria se referindo aos fundos de crédito imobiliário, que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Esses fundos foram afetados pela inadimplência de alguns emissores de CRIs no primeiro trimestre deste ano, o que reduziu a rentabilidade e a capacidade de pagamento dos dividendos2.
A carta da Squadra também criticou as empresas e fundos imobiliários que usam artifícios contábeis para “embelezar” seus balanços e demonstrações financeiras, ocultando problemas operacionais ou financeiros. A gestora lembrou o caso do IRB Brasil, uma resseguradora que foi alvo de uma série de denúncias de fraudes contábeis e manipulação de resultados. A Squadra foi uma das primeiras a questionar as práticas do IRB, em fevereiro de 2020, e desde então mantém uma posição vendida nas ações da empresa34.
A carta da Squadra teve um grande impacto no mercado financeiro, pois trouxe à tona questões importantes sobre a transparência e a qualidade dos ativos imobiliários. Alguns investidores podem ter se sentido enganados ou iludidos por esses fundos e empresas que pagam dividendos artificiais ou maquiam seus números. Por isso, é fundamental que os investidores façam uma análise criteriosa dos fundos imobiliários e das empresas em que investem, buscando informações confiáveis e independentes sobre suas teses de investimento, sua geração de caixa, sua governança corporativa e seus riscos potenciais.
