Taxa de juros: o que é e como afeta os seus investimentos?

Um dos conceitos financeiros fundamentais que os investidores devem entender é a taxa de juros. Ela é essencial para compreender o quanto você pode ganhar ou perder com um investimento ao longo do tempo.

A taxa de juros pode ser definida como a relação entre os valores pagos ou recebidos no fim de um período pré-acordado.

Em outras palavras, a rentabilidade de qualquer operação, seja na forma de dividendos ou de dinheiro, pode ser classificada como juros.

Neste Guia vamos detalhar como funciona a taxa de juros, como ela é calculada, o que são juros simples e compostos e explicar a relação entre a taxa de juros e os investimentos.

O que é taxa de juros

Primeiro é preciso explicar os juros. Uma forma simples de traduzir é dizer que o juro é o valor do dinheiro no tempo, ou como se fosse um aluguel que se paga para pegar dinheiro emprestado (ou que se recebe para emprestar dinheiro). Por isso, o juro sempre estará associado a esses dois fatores: 1) o valor envolvido na transação; e 2) o tempo.

Desta forma, bancos e outras instituições financeiras fazem o meio de campo entre quem tem o dinheiro (poupador ou investidor) e quem precisa daquele dinheiro (tomador ou devedor). Nessa troca entre um e outro surgem os juros.

Funciona assim: a pessoa que poupa ou investe seu dinheiro em uma instituição financeira vai emprestar aquele dinheiro a um tomador/devedor. Este devedor então pagará o valor recebido mais juros à instituição financeira. Por fim, o banco fica com uma parcela do valor pago como remuneração e devolve a quem poupa/investe a quantia previamente emprestada, mas com juros no momento futuro, conforme combinado.

Resumindo, o tomador do dinheiro devolverá ao banco um valor maior do que foi emprestado e o investidor vai receber um montante maior do que o investido.

E é nesse momento que surge a taxa de juros, que é calculada em percentual.

Como a taxa de juros é calculada

A taxa de juros é o preço do “aluguel” do dinheiro por um determinado prazo. É o percentual calculado pela divisão dos juros que foram contratados pelo capital emprestado/poupado.

Um exemplo:

Você empresta R$ 10.000 (capital) para um amigo e vocês combinam que o juro pago pelo empréstimo será de R$ 900 por ano. Desta forma, o tomador deste dinheiro pagará uma taxa de juros de 9% a.a. (ao ano). O cálculo é feito assim:

·         Juros/capital. Ou seja, 900/10.000 = 9/100 ao ano = 9 a.a.

Se o combinado foi que o amigo pagaria o empréstimo no final de um ano, você receberá R$ 10.000 (capital emprestado) + R$ 900 (juros) = R$ 10.900.

Mas essa conta pode mudar um pouco dependendo do tempo que o dinheiro ficará emprestado e do tipo de juros que for empregado.

Existem, basicamente, dois tipos de taxas de juros: o juros simples e o juros composto.

O que é juro simples

A taxa de juros simples é aplicada ou cobrada sempre sobre o capital inicial, que é o valor emprestado ou investido.

Não há incidência de juros sobre juros acumulados nos períodos anteriores. Ou seja, o valor inicial será sempre a base para que os juros incidam nos próximos períodos.

Um exemplo prático:

Naquele mesmo empréstimo de R$ 10.000, com taxa de juros simples de 9% a.a., com duração de dois anos, o total de juros será R$ 900 no primeiro ano e R$ 900 no segundo ano.

Ao final do período, o tomador vai devolver o valor principal e os juros simples de cada ano. Assim, o valor devolvido será de: R$ 10.000 + R$ 900 + R$ 900 = R$ 11.800.

Perceba que, neste caso, os juros foram calculados sempre em cima do valor inicial, ou seja, sempre sobre os R$ 10.000.

O que é juro composto

Os juros compostos são os juros sobre juros. Diferente dos juros simples, os juros compostos não levam em conta apenas o valor inicial, mas sim o valor inicial e também os juros incidentes ao longo dos períodos.

Assim, para cada período do contrato (seja diário, mensal ou anual), existe um “novo capital”  para que a taxa de juros seja calculada.

Esse “novo capital” é, na verdade, a soma do capital inicial e também do juro cobrado no período anterior.

Vamos exemplificar:

No empréstimo de R$ 10.000, com taxa de juros composta de 9% a.a., com duração de 2 anos, o total de juros será de R$ 900 no primeiro ano. Até aqui o cálculo é igual aos juros simples.

Mas a partir do segundo ano, o juro pago no primeiro ano é somado ao capital inicial (R$ 10.000 + R$ 900 = R$ 10.900) e a base de cálculo do juro passa a ser R$ 10.9000. O resultado é que, no segundo ano, os mesmos 9%a.a. somam R$ 981 – 9% de R$ 10.900.

No final de dois anos, o valor a ser devolvido é R$ 11.881.

A diferença pode parecer pequena, de apenas R$ 81 neste exemplo, mas o potencial dos juros sobre juros é ir crescendo com o tempo, formando um efeito bola de neve.

Ao final de 10 anos, por exemplo, enquanto um empréstimo de R$ 10.000 com juros simples de 9% a.a.  resultaria em um pagamento de R$ 19.000, um empréstimo dos mesmos R$ 10.000 mas com um juros composto de 9% a.a. resultaria em R$ 23.673.64.

Taxa de juros e taxa Selic são a mesma coisa?

No Brasil a taxa de juros mais conhecida é a Selic. Isso porque ela é a taxa básica de juros da economia brasileira. Isso significa que a Selic acaba influenciando todas as outras taxas de juros como a de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

De forma simplificada, o valor da Selic aponta o que o governo paga de juros para as instituições financeiras que compram títulos públicos do Tesouro Nacional.

Mas a Selic, na verdade, é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação do país. Quando o Banco Central quer reduzir a inflação, ele aumenta a Taxa Selic porque, assim, aumentará o “custo” do dinheiro. Com isso, fica mais caro pegar empréstimos, fazer financiamentos e consumir. A redução do consumo força uma redução da inflação.

Relação da Selic com CDI, inflação e câmbio

Com o sobe e desce da Selic, o investidor precisa entender qual é a relação da taxa básica de juros do país com outros indicadores. Isso será essencial para que se defina, mês a mês, onde  aplicar seu dinheiro.

·         Selic e CDI: a taxa Selic e o CDI possuem uma relação direta e números muito próximos. Diariamente as instituições financeiras emprestam dinheiro entre si para evitar o fechamento de caixa negativo. Entre elas existe uma taxa de juros: o CDI (sigla para Certificado de Depósito Interbancário). Assim, o CDI é a taxa de juros que um banco cobra para emprestar dinheiro para outro. A garantia dessas transações, normalmente, pode ser feita com títulos públicos, que, por sua vez, são indexados à Taxa Selic. Daí que vem a correlação entre Selic e CDI, sendo que o segundo sempre fica um pouco abaixo do primeiro.

·         Selic e inflação: quando o limite da meta da inflação corre o risco de ser ultrapassado, o Banco Central usa como estratégia para tentar conter essa alta a elevação dos juros. Como a Selic maior representa uma inibição ao consumo, diminui-se a pressão de alta sobre os preços no país. Mas, por outro lado, quando a inflação está controlada e o governo quer incentivar a economia, ele pode reduzir a taxa Selic. As taxas de juros menores estimulam o crédito e o consumo, que, por sua vez, estimula a economia. Assim, a Selic é uma forma de o governo manejar a inflação no país. Com a Selic alta há menos crédito no mercado, menos dinheiro circulando e a procura por produtos e serviços é menor.

·         Selic e câmbio: quando a Selic está alta, muitos investidores e especuladores estrangeiros aplicam dinheiro no Brasil para aproveitar a alta dos juros. Desta forma, circula muito mais dólar na economia brasileira, o que pode fazer o real ganhar força. Dessa forma, quando a taxa de juros sobe, o real tende a se valorizar diante do dólar, diminuindo o custo de importados.

Por que a taxa de juros influencia nos investimentos?

As taxas de juros afetam o dia a dia de todas as pessoas, pois elas têm influência em diversas áreas da economia. Entre elas, os investimentos.

Alguns tipos de investimento, particularmente aqueles da renda fixa, funcionam, em certa medida, como um empréstimo de dinheiro entre o investidor e instituições financeiras ou empresas. Quando o investidor empresta dinheiro para um banco financiar suas operações, fará isso investindo em um CDB (Certificado de Depósito Bancário). Quando opta por emprestar para que o banco, por sua vez, financie o agronegócio ou o setor imobiliário, fará isso investindo em uma LCA ou LCI (Letra de Crédito do Agronegócio e Letra de Crédito Imobiliária).

Já se o investidor preferir emprestar seu dinheiro para uma empresa, pode fazer isso investindo em debêntures.

Ao final de cada operação, no prazo combinado, o investidor receberá o capital inicial investido somado aos juros combinados, depois do abatimento do Imposto de Renda, que incide apenas sobre os rendimentos e nunca sobre o valor total investido.

Nessas operações, o investidor poderá escolher entre uma taxa fixa pré-determinada, também chamada de taxa prefixada, ou optar por uma taxa pós-fixada, que ficará atrelada a algum indicador da economia, como a Selic, o CDI ou o IPCA, o índice oficial da inflação no Brasil, por exemplo. Existe ainda a possibilidade de investir em ativos com taxas híbridas, que misturam uma parte da rentabilidade prefixada com outra pós-fixada.

A taxa de juros prefixada, como o próprio nome diz, se manterá sempre a mesma ao longo de todo o período do investimento. Já a pós-fixada flutuará junto com o indicador especificado.

Os três tipos de juros nos investimentos

Existem três tipos de taxas de juros nos investimentos: prefixados, pós-fixados e híbridos/mistos.

Juros prefixados

São utilizados em diversos investimentos de renda fixa. Exemplos são os títulos do Tesouro Direto prefixados, os CDBs, CRIs, CRAs, entre outros. Com os juros prefixados, o investidor sabe de antemão exatamente a remuneração que terá daqui a 2, 5, 10 anos, por exemplo. Ou seja, na hora de fazer a aplicação do dinheiro há um juros pré-estabelecido e essa taxa não sofrerá alteração ao longo do tempo. Exemplo: vou investir hoje R$ 1.000 a uma taxa de 9,5% a.a. e retirar este dinheiro daqui a 6 anos.

Juros pós-fixados

Aqui a rentabilidade sobre o valor investido vai depender das variações das taxas de juros ou da inflação. É muito usada em LCIs e LCAs, mas também em títulos do Tesouro Direto, como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA. Aqui é preciso se atentar que a rentabilidade vai variar de acordo com o indexador pré-definido. Ou seja, fica estabelecido qual é o parâmetro de rentabilidade, mas você não sabe o valor exato dele, já que são taxas que variam ao longo do tempo. Por exemplo, se você investir R$ 1.000 que pague o valor do IPCA a cada ano, a rentabilidade do seu dinheiro vai oscilar de acordo com o IPCA de cada ano. Se houver deflação em um ano, por exemplo, pode haver uma perda nominal do valor aplicado.

Juros híbridos

É uma mistura de juros prefixados e juros pós-fixados. Assim, há uma remuneração fixa + um valor variável. Por exemplo, um título pode pagar 3% a.a. + IPCA nos próximos 5 anos. Existe aí uma taxa fixa (3%) e outra que vai variar ao longo do tempo (IPCA). Estes tipos de juros são usados por investidores que querem se proteger da inflação, por exemplo, e ainda ter algum ganho real.

Fonte: InfoMoney

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