TAXA SELIC SUBIU 12,75%: Onde investir com a alta da SELIC?

O Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou a elevação de um ponto percentual na taxa básica de juros do País nesta quarta-feira (4). A Selic passa, agora, de 11,75% para 12,75% ao ano – o maior nível desde janeiro de 2017.

A terceira reunião de 2022 confirmou a sinalização feita pelo colegiado no último encontro, em março, e não foi surpresa para o mercado. Desde o início do ano, quando a taxa Selic estava em 9,25%, o Copom já fez três reajustes – um, de 1,5% em fevereiro; um de 1% em março; e, agora, outro de 1% – na tentativa de conter o avanço da inflação no País.

Desde a última reunião, porém, o cenário inflacionário piorou. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a prévia da inflação no Brasil, subiu 1,73% em abril. Esta foi a maior variação mensal desde fevereiro de 2003 e é a maior alta para o mês de abril desde 1995. O IPCA acumulado em 12 meses já chega a 11,30%.

A maior pressão para o aumento dos preços segue vindo do exterior. Se em 2021 o Banco Central começou a subir a taxa de juros em resposta a uma inflação causada pelo aquecimento da atividade econômica após o arrefecimento das restrições da pandemia da covid-19, em 2022, a tarefa é mais complexa. O gatilho inflacionário vem da oferta, com alta no preço das commodities causada pelo conflito ainda em curso entre Rússia e Ucrânia – fatores que o BC não consegue controlar.

“No começo do ano, quando todo mundo acreditava que o preço das commodities ia se estabilizar, veio outra pedrada com uma elevação muito forte causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Foi um movimento que fez o mundo inteiro ficar com a inflação elevada. O BC não controla nada disso, mas, por meio da taxa de juros, tenta responder aos efeitos secundários desses choques de oferta”, explica Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

Mais recentemente, um outro elemento entrou na conta: a China voltou a impor lockdowns severos por lá, interrompendo parte da atividade econômica nas grandes gigantes e paralisando portos por todo o país. O receio é que uma desaceleração econômica do gigante asiático pressione ainda mais a inflação pelos mercados globais – que também têm elevado suas taxas de juros como resposta à pressão inflacionária.

Nesta quarta-feira (4), o Federal Reserve, dos Estados Unidos, elevou os juros americanos em 0,5 ponto percentual, com um discurso que indicou uma aceleração do aperto monetário no país. No Brasil, porém, o momento pode ser diferente.

Ainda não há consenso no mercado, mas o ciclo alta de juros pode estar perto do fim. Para Eduarda Korzenowski, economista-chefe da Somma Investimentos, este já é o patamar adequado para que o Banco Central encerre a escalada da Selic. “A política monetária não tem muita influência sobre a inflação de oferta, que é o que vem causando majoritariamente as nossas altas nos preços. Já estamos com a Selic em um patamar bastante contracionista e, por isso, na nossa visão, o BC deveria encerrar o ciclo de alta da Selic em 12,75%”, diz.

A previsão mais recente do boletim Focus é de que a taxa Selic encerre 2022 em 13,25% ao ano. Mas, com as mudanças recentes no cenário global, especialistas avaliam que ainda está em aberto o que será decidido na próxima reunião do Copom, em junho. “Se continuarmos a ter revisões nas expectativas de inflação para os próximos anos acima da meta estipulada, aí o Banco Central precisaria agir”, pontua a economista.

Como ficam os investimentos

A alta de 1% na Selic desta quarta-feira não é uma surpresa para o mercado e, por isso, já está precificada no preço dos ativos. E se o cenário internacional já não é muito positivo, o ano de 2022 pode trazer ainda mais volatilidade com a aproximação do período eleitoral. Esses outros fatores, para além dos juros, precisam entrar no radar do investidor na hora da tomada de decisão de investimento.

“Além dessa decisão monetária, temos outros assuntos muito relevantes ditando os preços dos ativos nos mercados, especialmente as preocupações com uma desaceleração econômica na China, e a guerra na Ucrânia, ainda sem nenhum sinal de melhora. Estamos agora convivendo com um noticiário muito adverso, que acaba elevando a aversão ao risco”, afirma Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.

O cenário conturbado somado a uma taxa de juros de dois dígitos abre oportunidades para os investidores, principalmente os mais conservadores, olharem para a renda fixa. Nela, é possível encontrar opções de investimento com rentabilidade fixa, liquidez e mais segurança se comparado a outros tipos de ativos

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