O cartão de crédito é uma ferramenta muito útil para facilitar as compras e parcelar os pagamentos. Porém, se usado de forma irresponsável, pode se tornar uma armadilha financeira. Isso acontece quando o consumidor não paga o valor total da fatura até a data do vencimento, e entra no chamado crédito rotativo, que cobra juros altíssimos.
Para tentar reduzir o endividamento dos brasileiros e evitar o superendividamento, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou novas regras para o rotativo do cartão de crédito, que entraram em vigor no dia 3 de janeiro de 2024. Neste artigo, vamos explicar o que mudou, como isso afeta o seu bolso e como usar o cartão de crédito de forma consciente.
O que é o crédito rotativo?
O crédito rotativo é uma modalidade de crédito que é ativada automaticamente quando o cliente não paga o valor total da fatura do cartão até a data do vencimento. Nesse caso, ele pode optar por pagar apenas o valor mínimo, que corresponde a 15% do total da fatura, ou qualquer outro valor parcial.
Ao fazer isso, ele está pegando emprestado o valor restante da fatura, que será cobrado na próxima fatura, acrescido de juros e encargos. Essa é a categoria mais cara de crédito do país, com uma taxa média de 431,6% ao ano, segundo dados do Banco Central.
O que mudou com as novas regras?
As novas regras para o rotativo do cartão de crédito, aprovadas pelo CMN em dezembro de 2023, estabelecem que o consumidor só poderá pagar o valor mínimo da fatura do cartão apenas uma vez. Na fatura seguinte, o valor total deve ser quitado ou então parcelado.
Isso significa que o consumidor não poderá mais ficar indefinidamente no crédito rotativo, pagando apenas o valor mínimo ou parcial da fatura. Ele terá que escolher entre pagar o valor total, que inclui o saldo devedor mais os juros e encargos, ou parcelar esse valor em até 24 vezes, com uma taxa de juros menor do que a do rotativo.
Além disso, as novas regras estabelecem que o valor total cobrado pelos bancos em juros do rotativo não poderá exceder o valor original da dívida. Por exemplo, se o saldo devedor for de R$ 100, a dívida total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá ultrapassar R$ 200 após um ano. O custo do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), entretanto, está fora desse cálculo.
As novas regras valem somente para débitos contraídos a partir de janeiro de 2024. Os saldos existentes nas faturas quando as novas regras entraram em vigor poderão ser mantidos no crédito rotativo até o próximo vencimento. Os valores relativos às novas compras de cada período poderão ser objeto de financiamento por meio do crédito rotativo até o vencimento.
Como isso afeta o seu bolso?
O objetivo das novas regras é diminuir o uso do crédito rotativo, que é uma modalidade de crédito muito cara e que pode levar o consumidor a uma situação de superendividamento. Ao limitar o tempo e o valor dos juros do rotativo, o CMN pretende incentivar o consumidor a quitar a sua dívida o mais rápido possível, ou a buscar outras alternativas de crédito mais baratas e adequadas ao seu perfil.
Segundo o Banco Central, os consumidores terão a possibilidade de buscar outras linhas de crédito que sejam mais vantajosas e possam ser adotadas alternativamente ao parcelamento da fatura quando a quitação do saldo devedor não for possível. Por exemplo, o consumidor pode optar por um empréstimo pessoal, um consignado ou um cheque especial, que têm taxas de juros menores do que a do rotativo.
Além disso, as novas regras podem ter um impacto na oferta de crédito pelos bancos. Como o cartão de crédito tem uma alta inadimplência, limitar a cobrança dos juros pode fazer com que não valha a pena para o banco emprestar dinheiro para quem é recorrente no saldo devedor. Nesse caso, o banco pode restringir o limite de crédito, aumentar as taxas de anuidade ou cancelar o cartão do cliente.
Como usar o cartão de crédito de forma consciente?
O cartão de crédito pode ser um aliado do consumidor, se usado de forma consciente e planejada. Para isso, é preciso seguir algumas dicas:
- Evite entrar no crédito rotativo. Pague sempre o valor total da fatura até a data do vencimento. Assim, você evita pagar juros e encargos desnecessários.
- Se não puder pagar o valor total da fatura, procure outras formas de crédito mais baratas e adequadas ao seu perfil. Compare as taxas de juros e as condições de pagamento antes de contratar um empréstimo ou um parcelamento.
- Controle os seus gastos. Não use o cartão de crédito como uma extensão da sua renda. Estabeleça um limite mensal de gastos com o cartão e não o ultrapasse. Anote todas as suas compras e confira a fatura com atenção.
- Escolha um cartão de crédito que tenha benefícios e vantagens para você. Pesquise as opções de cartões disponíveis no mercado e veja qual se encaixa melhor nas suas necessidades. Verifique as taxas de anuidade, os programas de pontos, os descontos e as parcerias.
- Aproveite os benefícios do cartão de crédito. Use o cartão de crédito para parcelar compras de maior valor sem juros, aproveitar promoções e descontos, acumular pontos e milhas, ter mais segurança e praticidade nas transações.
Conclusão
As novas regras do cartão rotativo são uma medida positiva para reduzir o endividamento dos brasileiros e evitar o superendividamento. Porém, elas não resolvem o problema de descontrole de gastos, que está relacionado à educação financeira. O consumidor precisa usar o cartão de crédito de forma consciente e planejada, para aproveitar os benefícios dessa ferramenta e não se enrolar com as dívidas.
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